Você sabia que, só enquanto você lê esse post, mais de 5.000 pessoas morreram ao redor do mundo?
Pensamentos, sonhos, amores, histórias... tudo isso se apagou. Mas será que se apagou mesmo? Será que parte dessa energia continua por aí? Afinal, a energia nunca desaparece, ela apenas se transforma.

O que acontece com a energia do nosso corpo depois que morremos? A vida seria apenas uma resistência temporária contra a bagunça do universo? Para entender isso, temos que falar sobre um conceito revolucionário: a entropia, uma das leis fundamentais da física.
O universo segue regras bem definidas. Se jogarmos uma bola de boliche da Torre de Pisa, dá para prever direitinho como ela cai. Mas e se, em vez de uma bola, jogássemos um... passarinho? Seres vivos são sistemas complexos, eles não quebram as leis da física, mas também não são 100% previsíveis.
Diferente de um objeto qualquer, um ser vivo parece ter propósito: Por que um passarinho voa em busca de comida? Por que uma planta cresce em direção à luz. Por quê?
A resposta pode estar na informação e na termodinâmica
O físico Erwin Schrödinger sugeriu que a vida se mantém absorvendo energia organizada e devolvendo desordem ao ambiente. Tipo um castelo de areia: se você não protege ele do vento e da chuva, ele desmorona. Nós somos basicamente castelos de areia tentando não desmontar por um tempo. Mas essa luta tem um custo.
Cada organismo, do menor micróbio aos maiores mamíferos, precisa de um fluxo constante de energia para continuar funcionando.
Mas há um problema. De acordo com a termodinâmica da informação, cada vez que um organismo absorve informação do ambiente, ele precisa processar e guardá-la. Guardar informação tem um custo de energia, e é esse custo que nos faz morrer.
O crescimento não é apenas um fator biológico, mas um efeito direto da termodinâmica da informação. Cada vez que nossas células se replicam, pequenos erros ocorrem.
O organismo precisa gastar energia para corrigi-los. Mas essa energia é limitada. Com o tempo, erros se acumulam e as células perdem a habilidade de se dividir corretamente.
Isso leva à doença, degeneração e, eventualmente, à morte.
Nosso corpo segue a mesma lógica do computador sobrecarregado. Quanto mais dados ele processa, mais energia gasta.
No final, a natureza escolhe a solução mais eficiente para fechar o sistema. A morte, então, não é um erro. A lei da biologia é uma consequência resultante da segunda lei da termodinâmica.
Mas se a energia nunca desaparece, para onde ela vai quando morremos?
A resposta pode ser surpreendente. Logo após a morte, nosso corpo tem mais energia do que quando estávamos vivos. Isso parece contraditório, mas a explicação se encontra na termodinâmica do corpo humano.
Quando morremos, três eventos principais acontecem com a nossa energia. Processos necessários cessam, o coração para de bater, o cérebro para a atividade elétrica, o metabolismo termina completamente e o corpo libera calor. Sem um sistema para regular a temperatura, o calor guardado se dissipa para o ambiente.
Isso contribui para o aumento da entropia no local. A transformação da matéria em energia começa. Bactérias e micro-organismos começam a decompor os tecidos.
A energia química de músculos, gorduras e órgãos é reutilizada pelo ambiente.
Isso significa que, em um sentido, nós nunca completamente deixamos de existir, nós apenas nos transformamos em algo novo.
De acordo com a primeira lei da termodinâmica, a energia total de um sistema é sempre conservada.
E isso significa que a energia que compõe seu corpo continua no universo. Algumas dessas energias se dissipam como calor. Algumas delas são recicladas por organismos decompositores.
Os átomos que uma vez formaram seu corpo eventualmente se espalham e formam estruturas novas, talvez até novos vidas.
A ideia de que algo além do corpo físico sobrevive à morte é muito antiga.
Muitas culturas acreditam que nós temos uma alma imortal ou energia espiritual que continua após a morte. Mas a ciência consegue mensurar isso?
Em 1907, o médico Duncan MacDougall realizou um experimento curioso.
Ele acreditava que, se a alma existisse e tivesse massa, ela poderia ser mensurável no momento da morte. Para testar essa hipótese, ele realizou experimentos com seis pacientes terminais, pesando-os antes, durante e imediatamente após a morte em uma balança extremamente sensível. Ele observou que, no momento da morte, o peso dos corpos diminuía cerca de 21 gramas e interpretou isso como evidência de que a alma deixava o corpo.
Além de humanos, ele fez experimentos semelhantes com cães, mas não observou qualquer perda de peso, o que o levou a sugerir que apenas os humanos teriam alma.

No entanto, o experimento de MacDougall foi amplamente criticado por problemas metodológicos, amostragem pequena e falta de repetibilidade. Hoje, sua pesquisa é considerada mais uma curiosidade histórica do que uma evidência científica.
Se a consciência fosse algum tipo de energia que sobrevive à morte, a gente já deveria ter medido isso. Mas, até agora, tudo indica que nossa mente é só um efeito da atividade elétrica no cérebro. Quando ele desliga, não sobra nada. Nossa energia se dissipa com o calor e aumenta a entropia ao redor.
E aí vem a grande pergunta: se a vida é só uma batalha temporária contra a entropia, será que ela poderá surgir em qualquer lugar do universo?
Será que a vida é um fenômeno raro, ou existe uma certa aleatoriedade sempre que as condições certas existem?
Cientistas do Instituto Santa Fé, sugerem que a vida pode ser uma consequência resultante das leis da física. Ou seja. Sempre que houver energia disponível num ambiente dinâmico, sistemas auto organizados surgirão naturalmente.
Essas características podem ser explicadas pela física dos sistemas complexos, pela termodinâmica do não equilíbrio.
Assim como redemoinhos se formam com o vento e dunas de areia de formam com o movimento do ar, a vida pode ser simplesmente um padrão emergente em certas condições ambientais.
O físico Jeremy England propôs que a adaptação da matéria ao ambiente, pode acontecer mesmo sem genes ou evolução darviniana.
Existem bilhões de planetas no universo, considerados habitáveis, onde a química da vida pode estar acontecendo agora mesmo.
Se a vida é mesmo uma manifestação termodinâmica, então o universo pode estar repleto de organismos.
E agora eu lhe pergunto, se a vida é apenas uma batalha temporária contra a entropia, o que você vai fazer na maior parte do seu tempo antes que a desordem aconteça?
No fim das contas, a morte não é um erro, é só uma transformação.
O filósofo Epicuro já dizia que ela não deveria nos preocupar, porque quando estamos vivos, ela não existe e quando ela chega, nós não estamos mais aqui. Então, enquanto estamos, bora fazer valer a pena.
Referência:
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