1. A cidade do futuro: Songdo, na Coreia do Sul
Imagine uma cidade onde tudo está conectado: semáforos inteligentes que se adaptam em tempo real ao fluxo de veículos, lixeiras que informam quando estão cheias, prédios que economizam energia sozinhos e um sistema de transporte totalmente automatizado. Essa cidade existe: é Songdo, um projeto urbano futurista da Coreia do Sul.

Songdo não foi construída apenas com foco em tecnologia, mas também em qualidade de vida. Praças, ciclovias, parques integrados com sensores ambientais, escolas equipadas com realidade aumentada e robôs que ajudam na limpeza urbana são apenas alguns exemplos. O modelo de Songdo está inspirando urbanistas em todo o mundo a pensar em cidades inteligentes, sustentáveis e humanas.
2. Robôs cuidadores no Japão
Em um país com uma das populações mais envelhecidas do planeta, o Japão está utilizando robôs de maneira sensível e prática. Lá, robôs cuidadores como o Paro (em forma de foca), Pepper e até exoesqueletos robóticos estão sendo usados para cuidar de idosos, auxiliar na mobilidade e proporcionar companhia emocional.

Mas o mais interessante é como a cultura japonesa abraçou essa tecnologia. Robôs são vistos não como ameaças, mas como extensões do cuidado humano. Isso mostra que, com sensibilidade cultural, a tecnologia pode ser integrada ao cotidiano de maneira harmoniosa.
3. Educação para o futuro: a Estônia como exemplo
A Estônia, um pequeno país europeu, é considerada um dos lugares mais avançados digitalmente no mundo. Lá, crianças aprendem programação desde os sete anos de idade, a maioria dos serviços públicos é digital, e a burocracia é quase inexistente graças à automação.
A Estônia mostra que o tamanho de um país não limita seu potencial tecnológico. Com políticas públicas bem orientadas e foco em educação digital, qualquer nação pode se tornar referência na era da informação.

4. Renda básica em teste no Canadá, Finlândia e Brasil
A renda básica universal ainda é uma ideia controversa para alguns, mas já está sendo testada na prática. Na Finlândia, um experimento com 2.000 cidadãos demonstrou que a renda garantida aumentou a felicidade, a saúde mental e até mesmo o engajamento com novas atividades econômicas.
No Brasil, cidades como Maricá (RJ) implementaram um programa de renda básica com moeda social (Mumbuca), garantindo acesso à alimentação, educação e pequenas economias locais. São exemplos que mostram que é possível combinar inovação social com desenvolvimento tecnológico.
5. Cidades inteligentes no Brasil: as primeiras sementes
No Brasil, mesmo com desafios estruturais, há boas iniciativas surgindo. Cidades como Curitiba, Florianópolis, Campinas e Recife estão investindo em centros de inovação, polos tecnológicos, incubadoras de startups e projetos de mobilidade urbana conectada.

Por exemplo, em Recife, o Porto Digital abriga mais de 300 empresas de tecnologia e tem sido responsável por formar milhares de jovens para o mercado de TI. Com apoio público e privado, estão construindo um ecossistema onde pessoas e máquinas trabalham juntas pelo futuro.
O papel do cidadão: da preocupação à ação
É natural sentir-se inseguro diante de tantas mudanças. Mas a história mostra que as revoluções tecnológicas sempre vieram acompanhadas de temores — e também de novas possibilidades.
A diferença, agora, é que tudo acontece mais rápido. Por isso, mais do que nunca, o cidadão comum precisa deixar de ser um espectador e tornar-se protagonista dessa transformação. Como?
Informando-se: buscando entender como a tecnologia funciona, sem se prender a mitos ou teorias conspiratórias.
Capacitando-se: explorando cursos, tutoriais, fóruns, vídeos — há uma infinidade de conteúdo gratuito e acessível sobre IA, robótica, programação, design, ciência de dados e tantas outras áreas.
Criando: empreender em tecnologia está cada vez mais democrático. Hoje, com um computador e uma boa ideia, é possível criar aplicativos, automações, soluções sociais. Startups surgem de garagens — como aconteceu com Google, Apple, Amazon.
Conectando-se: a troca de ideias, o trabalho colaborativo e os grupos de inovação são mais importantes do que nunca. Juntos, podemos mais.
Cobrando políticas públicas inteligentes: exigir que as autoridades invistam em conectividade, educação tecnológica, formação de professores, centros de inovação e incentivo à economia criativa.
Se fizermos isso, podemos não apenas sobreviver à nova era, mas florescer com ela.

Além da função: robôs, sentimentos e conexões emocionais
Durante muito tempo, máquinas foram vistas apenas como ferramentas de trabalho, criadas para desempenhar tarefas repetitivas, perigosas ou matematicamente complexas. No entanto, conforme a IA avança em áreas como linguagem natural, reconhecimento de emoções e aprendizado afetivo, os robôs começam a ocupar também funções sociais e afetivas.
1. Amizades com robôs: ficção ou realidade?
O filme Her, dirigido por Spike Jonze, retrata um homem que se apaixona por uma inteligência artificial. Na época, parecia uma história futurista e distante — mas hoje, assistentes de voz como Alexa, Siri, Google Assistant e ChatGpt já estão participando de conversas profundas, trocas emocionais e até auxiliando pessoas com depressão, ansiedade e solidão.
Na China e no Japão, há relatos de jovens e idosos que criaram vínculos reais com robôs como o Gatebox, um assistente com aparência anime, ou com o próprio Pepper, que é capaz de reconhecer expressões faciais e adaptar seu comportamento ao humor do interlocutor.

Isso pode soar estranho para alguns, mas é uma resposta emocional real a um estímulo digital — o mesmo tipo de apego que sentimos por personagens de livros, jogos ou filmes. A diferença é que, com a IA, há uma via de resposta ativa, e isso muda tudo.
2. Robôs sexuais e companheiros de vida
O setor de robôs sexuais — antes marginalizado — hoje movimenta bilhões e avança em velocidade surpreendente. Algumas empresas como RealDoll e Harmony AI estão criando companheiros robóticos com IA que podem conversar, reagir emocionalmente, e até simular carícias e intimidade emocional.

A questão ética que surge é: isso substitui ou complementa as relações humanas? Em muitos casos, pessoas com traumas, deficiências ou isolamento extremo encontraram nesses robôs um tipo de reconexão emocional antes impossível.
Claro, há riscos. O uso abusivo ou a dependência emocional pode gerar deslocamento social e alienação afetiva. Mas, por outro lado, pode ser uma ferramenta de apoio para quem nunca teve chance de desenvolver relações saudáveis no mundo real.
Transumanismo: quando o ser humano começa a se fundir com a máquina
Transumanismo é o nome dado ao movimento filosófico e científico que defende o uso da tecnologia para expandir as capacidades humanas, ultrapassando os limites biológicos da nossa espécie. Em outras palavras, é a ideia de que podemos (e devemos) usar a ciência para nos tornar mais fortes, mais inteligentes, mais saudáveis e até imortais.
1. Implantes neurais: Elon Musk e a Neuralink
A empresa Neuralink, de Elon Musk, já está realizando testes com chips cerebrais implantáveis que permitem a comunicação direta entre o cérebro humano e computadores. A ideia é ajudar pessoas com paralisias ou doenças neurológicas, mas o projeto vai além: Musk sonha com um futuro onde possamos “fazer upload” de conhecimento diretamente no cérebro ou interagir com a IA em tempo real, apenas com o pensamento.

2. Próteses inteligentes e membros biônicos
Hoje já existem braços biônicos controlados pelo pensamento, pernas robóticas com sensores que imitam o equilíbrio humano, e até olhos artificiais capazes de devolver parte da visão. Tudo isso graças à robótica aliada à neurociência.
À medida que essas tecnologias se tornam mais acessíveis, surge uma pergunta filosófica: em que momento deixamos de ser "humanos puros" e nos tornamos ciborgues? E isso importa?
3. Extensão da vida e imortalidade digital
Cientistas de várias partes do mundo estão trabalhando em maneiras de estender a vida — seja por meio de terapias genéticas, rejuvenescimento celular ou upload de consciência, a ideia de transferir a mente para um suporte digital.
Ainda estamos longe de alcançar uma "imortalidade" real, mas avatares digitais que continuam vivos após a morte do criador já existem. Empresas estão desenvolvendo sistemas de IA que replicam falas, trejeitos, padrões mentais e estilos de escrita de pessoas reais, com base em bancos de dados pessoais. Em casos extremos, isso já está sendo usado como forma de luto e despedida por familiares.
Questões filosóficas e existenciais: o que nos torna humanos?
Com tudo isso, é inevitável que surjam questões profundas. Afinal, se um robô pensa, sente, aprende, interage e se expressa como nós — qual a linha que separa o humano do artificial?
Se uma IA é capaz de criar música, poesia ou arte... ela tem alma?
Se um robô é mais justo e imparcial do que um juiz humano, quem deve tomar as decisões?
Se a IA passa a cuidar das crianças, dos idosos, das cidades e até da nossa própria consciência... qual será nosso novo papel como espécie?
A filosofia moderna já começou a tratar disso. Pensadores como Nick Bostrom, Ray Kurzweil, Yuval Harari, entre outros, defendem que estamos entrando numa era pós-humana, onde a distinção entre biológico e digital se tornará cada vez mais fluida — e que precisamos de novos códigos morais, éticos e até (porque não) espirituais para navegar nesse novo território.
Ederaldo Feijó