A montadora chinesa BYD fez um grande anúncio, revelando que o seu novo sedã, o Han L, poderia adicionar até 400 quilômetros de autonomia em apenas cinco minutos de carregamento.
A primeira informação relevante diz respeito à bateria do Han L, que é um pacote de lítio-ferro-fosfato (LFP) de 83,2 kWh, com uma voltagem de 945 volts (embora a empresa tenha arredondado esse valor para 1.000 volts em sua comunicação). O uso de baterias LFP é uma escolha estratégica, pois esse tipo de bateria oferece maior estabilidade e segurança, sendo menos propenso a pegar fogo em comparação com outros tipos, como as de níquel manganês cobalto (NMC). Além disso, as células LFP podem ser carregadas de maneira mais rápida devido a características eletroquímicas particulares no design dos cátodos e ânodos. A BYD também tem uma longa experiência com essas baterias, especialmente com sua arquitetura Blade 2.0, que é incorporada ao Han L.
O sistema elétrico do carro, que opera a 945 volts, também é um fator crucial. As montadoras têm adotado voltagens mais altas em seus modelos para reduzir a geração de calor e melhorar a eficiência do carregamento. Atualmente, marcas como Lucid, Hyundai, Kia e Porsche utilizam sistemas de 800 a 900 volts, e o Tesla Cybertruck será um dos poucos modelos a adotar a arquitetura de 800 volts. A BYD, por sua vez, almeja alcançar 1 megawatt de carga, o que corresponde a 1.000 quilowatts. Isso é bem acima da capacidade dos carregadores de veículos elétricos mais rápidos disponíveis atualmente, que oferecem 350 kW.
No entanto, mesmo com a alta voltagem, a quantidade de calor gerada durante um carregamento de 1 megawatt seria significativa, exigindo cabos de carregamento extremamente robustos e com sistemas de resfriamento líquido para suportar essa carga. Para facilitar o manuseio desses cabos, a BYD optou por uma solução de "arma dupla", com duas portas de carregamento no veículo, cada uma conectada a um carregador de 500 kW. Combinadas, elas permitem a carga de 1 megawatt.
Com relação ao alcance adicional, a BYD afirma que a tecnologia permite adicionar 400 km em apenas cinco minutos. No entanto, considerando o ciclo de testes chinês (CLTC), que tende a ser mais otimista do que os testes da EPA dos Estados Unidos, a expectativa mais realista é que os motoristas possam adicionar cerca de 160 milhas (cerca de 257 km) em cinco minutos. A autonomia total do veículo pode chegar a aproximadamente 280 milhas (cerca de 450 km) com uma carga completa. Para uma comparação mais justa, vale observar que carregar a bateria de 16% a 80% leva cerca de 10 minutos, enquanto a carga de 16% a 100% leva cerca de 24 minutos, o que é uma velocidade impressionante.
A velocidade de carregamento de um VE depende também da infraestrutura de carregadores disponíveis. Para atender à demanda, a BYD planeja instalar mais de 4.000 estações de carregamento em toda a China, embora a atualização da rede elétrica seja necessária, uma vez que o consumo de energia de 1 megawatt pode sobrecarregar a infraestrutura atual.
Nos Estados Unidos, não espere ver o BYD Han L tão cedo, pois os veículos fabricados na China estão sujeitos a uma tarifa de 100%, o que torna os preços menos competitivos. No entanto, a boa notícia é que o conceito de carregamento ultrarrápido provavelmente chegará aos consumidores americanos em breve, com alguns carros já sendo capazes de carregar entre 20% e 80% em cerca de 18 minutos. Portanto, é uma questão de tempo até que o carregamento rápido seja uma realidade mais acessível no mercado global.
